Public Strain
Women
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Há sempre fenómenos inexplicáveis que saem do Canadá. Há 10 anos os Women começaram a corrente do "Calgary Sound", influenciado pela pós-punk, pela pop americana dos 60s e de uma maneira de tocar guitarra muito Math Rock (Don Caballero, Hella, Tera Melos, etc.) "Public Strain" foi o segundo e o último álbum de Women, ou o magnum opus da banda. Música profundamente emocional, onde as soundscapes ruidosas emitidas pelas guitarras de Pat Flegel e Chris Reimer (cujos discos em nome próprio o consolidam como o derradeiro artesão no que às soundscapes de Women diz respeito) ressoam por entre as ideias gerais das músicas, servindo como baluarte textural que harmoniza quase miraculosamente com a estética geral do disco - lo-fi, meloso, nostálgico. Criatividade no máximo: todas as músicas apresentam ideias diferentes: os loops de guitarra e os arrastos orgânicos na "Can't You See"; o groove em 13/4 na "Heat Distraction"; a maneira como o feedback é usado como instrumento principal em "Narrow With the Hall"; a balada doce com melodia única em "Penal Colony"; a faixa composta só de drones, que dura 3 minutos, que é a "Bells"; as guitarras "desafinadas" (que raio de afinação se ouve aqui?) em "China Steps"; a espécie de marcha fúnebre que é a "Untogether"; o melhor riff de guitarra/baixo em "Drag Open"; o carácter jocoso e despreocupado de "Locust Valley", noutra prova que as guitarras de Women são inimitáveis, "Venice Lockjaw"; por fim, "Eyesore", cujas ideias pelo fim podiam ficar a soar eternamente - especulamos que terá sido por isso que a banda optou por acabar o disco em fade-out. Influenciados em iguais partes pelas Ronettes como por Lou Reed, a influência de "Public Strain" foi tanta que deu origem à sua própria corrente musical. Várias sequelas de Women se deram depois do disco: Telstar Drugs, Faux Fur, Dories, Gretchen e o produtor e músico Chad VanGaalen (que ajudou na gravação e na estética geral do som de Women, também muito importante na construção deste som - e que também conta com a sua própria discografia). Depois do fim de Women, devido à morte trágica e prematura de Chris Reimer, os sucessores espirituais deram-se: de um lado, Pat Flegel com o seu projecto a solo Cindy Lee; do outro, Matt Flegel e Mike Wallace em Preoccupations (Viet Cong). Precisam de mais provas de que este disco é inimitável? Imbatível. Indiscutivelmente dos discos de indie mais importantes do século XXI. Finalmente o temos em loja. O legado continua.