
Time Indefinite
William Tyler
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Andamos a ouvir o novo álbum de William Tyler há mais de uma semana e ainda não o conseguimos categorizar. Álbum de guitarra, intencionalmente encostado a outros caminhos, como se recusasse o instrumento - o seu som, as suas maneiras - e desconstruísse tudo em matéria. Por vezes é um álbum de guitarra, noutras é um álbum de dark folk, noutras de dark/drone ambient como se fosse um Rafael Anton Irisarri comedido, noutras podia ser um capítulo extra da história de Caretaker. No que respeita a esta última ideia, é profunda a forma como se aventura por este som, não só pela ideia de repetição e desintegração, sobretudo pela forma como expande sobre as suas origens: não é só fantasmagórico ou de hauntology, vive para lá disso. Não são os fantasmas que se mexem, somos nós entre os fantasmas. Na música de Caretaker somos espectadores, em "Time Indefinite", Tyler torna-nos protagonistas, vivemos e experienciamos a (nossa) desintegração. Porque não é só isto que acontece, outras coisas vão acontecendo, e é essa diferença - isto é, soar a x e depois soar a y - que transtorna, que nos faz questionar continuadamente se estamos a ouvir o mesmo álbum, o mesmo músico e se alguma música não foi aqui metida ao engano. Não se confunda isto com ausência de narrativa, ela está e está bem presente, mas virá com consecutivas audições. As primeiras são de espanto, estupefação, entre o que esperamos e o que estamos realmente a ouvir. Tem tanto de pesado - ou pesadelo -, de trevas, como de luminoso - "Concern", o segundo tema, é magnífico, um corrupio de luz. É o disco de guitarra que esperávamos há algum tempo. É também aquele disco para os que gostam da electrónica que replica isto e que andam há anos para ouvir algo assim e não encontram. Está tudo aqui.