
Kansai Bruises
Valentina Magaletti & YPY
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Certas combinações surgem escritas à nossa frente e sabemos de imediato que irão funcionar. Uma espécie de 1+1=2 apenas com a indefinição matemática de não se saber até que ponto, ou como, irá funcionar. Eis o caso de Valentina Magaletti e YPY (Koshiro Hino, cérebro por detrás dos japoneses goat), os seus universos existem em mundos paralelos, com intenções e realizações claras e certeiras sobre que tipo de fogo deve existir na música. Sobretudo aquela que, nesta década, não tem pavimento. Magaletti é isto, uma percussionista e compositora sem chão, melhor, apenas tem chão porque o chão é uma base essencial para o ritmo. Melhor dizendo, não tem uma base segura, o seu som orienta-se pelo desejo de combinar forças, mesmo quando toca a solo. A combinação com YPY é perfeita, mestre em fazer ser aquilo que não é, em desvirtuar os abismos do techno e desinfantilizar as ideias que existem sobre a mecanização dos movimentos. A sua electrónica combina com Magaletti, porque desmonta o perfeccionismo, obriga a que os seus ritmos caminhem para o abismo. Magaletti faz o mesmo, no sentido inverso, força-o a uma estrutura ou, pelo menos, a uma ideia com coordenadas. A electrónica é abstracta, descontrolada, mas sabe para onde vai. Mais importante, sabe onde fica. Soa a SND (saudades de Mark Fell & Mat Steel) onde o corpo e a alma se alinham, não cedendo a qualquer vontade. Música angular mas libertadora. Áspera mas suave (oiça-se "Her Own Reflection"). Inspirada e inspiradora. Música para uma nova ordem das coisas.