Three Bells
Ty Segall
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“Ainda estamos a ouvir o mesmo álbum?” tem se tornado um pensamento recorrente a ouvir um álbum de Ty Segall. Parece impossível que a mesma pessoa consiga fazer tanto, tão diferente, da mesma linha. Ty compromete-se para uma ideia para uma fase, um álbum, não em termos simbológicos ou sistemático, mas de alma, de um querer estar e fazer para estar. No fundo, criar puxa-o para um sítio, por vezes escuro, na maior parte das vezes dinâmico, convicto de que a história do rock é um belíssimo sítio para se pensar, explorar, esteja-se a fantasiar com os Stones, T-Rex, Roxy Music, Pavement ou Ty Segall (não há mal em pensarmos em nós próprios). Há de tudo isto e muito mais em Ty Segall, não como restaurante de fusão, mas como alguém que faz justiça ao tempo e ao que o tempo criou. Nisto tudo, nunca se sente Ty como um tipo mais velho, mas um que fez mais um disco, provavelmente mais um que ouviremos meses a fio, intercalados com os anteriores, até chegar o próximo e mudarmos de vício, ou estarmos no mesmo, mas com mais uma dezena e tal de canções. “Three Bells” concretiza a ideia inicial de forma brilhante em duas formas - e isto talvez seja inédito num álbum de Ty Segall. Uma, a que já referimos, como aguenta, sustém ideias iguais em diferentes canções que nos fazem acreditar que as ideias são diferentes (e são, pois, mas caímos no vício de meter as coisas em grupos); a segunda a sensação de que passámos, a dado momento, para um outro álbum de Ty Segall. Sem revisionismo, toca vários pontos ou ideias que explorou na carreira, sempre por via da acumulação, nunca do revisionismo. “Three Bells” tem o músico a olhar para ele próprio, feroz, intenso, numa mutação em espiral a explorar a próxima ideia que vai acontecer mesmo ali. E caramba, não é que vai mesmo?