Aleven
SnP 500
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Há um eixo musical canadiano que deve muito aos 90s e à linhagem Chain Reaction, Detroit e tudo o que de explorações texturais na linguagem de clubbing diz respeito. Os SnP 500 e a Doo não são indiferentes a essa história - alinhados também com a Acting Press, editora irmã, apoiam-se principalmente nos ritmos das máquinas e nas hipóteses sonoras reveladas pelos processos em estúdio e respectivas parafernálias de efeitos. Ouvindo o novo "Aleven", é impossível não nos lembrarmos de "Biokinetics" de Porter Ricks - a primeira "Purt" principia com um ritmo ilusoriamente inalterado, com elementos percussivos dissimulados, carregados de perspicácia nos seus timings, que vão surgindo e desaparecendo de vista, como um pad inicial a abrir-se no horizonte, só para fugazmente desaparecer, dando espaço à profundidade sónica que os ritmos e os seus respectivos efeitos reverberados deixam para contemplação (Sidechain Reaction?). "Splean Addition" lembra, no sub grave, no ritmo quebrado e nos bleeps, o terceiro maxi de PLO Man, com minúcia técnica na produção e com uma profundidade espacial potenciada pela óptima prensagem em vinil - o som aqui é quase tridimensional, revelando mestria sobre as matemáticas do groove e respectivo controlo harmónico - pelo meio, uma linha quase vocal, baixa na mistura, irrompe como se de um rap se tratasse, adicionando uma camada extra ao acurado caminho pelo qual a faixa nos movimenta - mais do que um beat track, é uma lição de sound design e em como conter um groove. No lado B, a longa "Cord" continua na pesquisa científica dentro dos moldes do Dub. De novo, os pads inspirados pelo catálogo da Chain Reaction, o skank quase metálico a marcar o tempo (lembrando o último maxi de DJ Spence, metade dos SnP 500), a ideia de repetição minimalista com manipulação subtil do espaço, da cor e dos elementos que entram e saem, deixando as camadas respirarem, dando atenção e primazia a todos os elementos da faixa. Techno contemplativo, groovy, multifuncional, habilmente esculpido pelos que entendem como poucos o propósito de tudo isto. Arte sonora.