Tenno
Noise
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Tori Kudo e Reiko Kudo terão sido dos primeiros no Japão a enveredar por trilhos mais ruidosos. A data era 1980, quando "Tennou" saiu: um disco de música inocente, imberbe, com a pureza de quem faz algo por honestidade - neste caso, música em drones que desarmonizam entre si, reveladora de uma vontade de criação genuína, de quem faz isto por amor e sem segundas intenções. Entra aqui o peso da música de Velvet Underground, onde os vocais de Reiko lamentam de forma monotónica, complementando a aspereza singular dos drones do órgão cujas ondas sentimos, por vezes, atingir-nos com mais força com ecos e delays. Na segunda "Water", uma imitação de um ritmo dá cadência ao drone principal, sugerindo uma característica mais "naive" à música aqui tocada. As influências seriam óbvias: VU, Shaggs, no fundo os ícones dos 60s que mudaram a forma de pensar e fazer música. Disco histórico onde todos os segundos são reveladores e importantes, transmitindo concomitantemente uma ansiedade latente e uma certa calma, porque sabemos que a música aqui encontra-se imaculada. Espiritismo japonês, uma convocação xamanista sob a forma de drones de órgão, explosões ruidosas de guitarra e lamúrias do além.