Cenizas
Nicolas Jaar
Algo de Arthur Russell, algo de Alice Coltrane e algo de explorador sem mapa mas com ideias bastante concretas. "Cenizas" soa íntimo e sombrio, banda sonora de um percurso interior em isolamento, enfrentando o que a cabeça constrói. E enfrentar, geralmente, equivale a um frente-a-frente com o que é mau ou negativo. Nicolas Jaar aplicou terapia em si próprio e o resultado, "Cenizas", é talvez o seu mais ambicioso trabalho até à data. "Sunder" e "Faith Made Of Silk" são os momentos mais próximos da pop, aqui, mas o sentimento geral é de gravidade, de catarse, de direito em exercitar a criatividade sem constrangimentos. Afirmação e ego, ele mesmo admite. Belo álbum não apenas introspectivo, também inspirador de acção num tempo em que mudar a maneira de estar na vida pode já nem ser uma opção mas sim uma inevitabilidade.