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Demora

Luís Fernandes

Room40

Regular price €9,95

Tax included.

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Há detalhes que parecem mentira. E que, por isso mesmo, têm de ser repetidos. “Demora” é o primeiro disco de Luís Fernandes em nome próprio. Já foi Astroboy, tem o nome registado numa série de projectos (Peixe:Avião, Palmer Eldritch e o seu trabalho com Joana Gama), mas nunca assinou em nome próprio. Estreia em nome próprio mas não é uma estreia na Room40: a bomba “At The Still Point Of The Turning World” com Joana Gama foi por lá editado no ano passado. Mas chega de falar de conquistas passadas. O presente. O presente é “Demora” uma viagem de trinta e cinco minutos partida em cinco momentos onde as harmonias se desenrolam ao som de uma improvisão – a base do trabalho – que Luís Fernandes mais tarde trabalhou, cortou e esculpiu com a operação-álbum em mente. Esculpido talvez seja a palavra – e a arma – certa. “Demora” é um saboroso romance entre o ouvinte e o som. As harmonias que Luís construiu são quentes e operam num equilíbrio entre o cósmico krautrockiano e aquele que anos mais tarde estaria ao serviço do new age. “Demora”, contudo, escapa-se a rótulos e joga num sentido mais relacional entre a máquina, o som, a harmonia, o ouvinte e o lugar onde este está. É importante que flua, que flua no sentido designado e que não seja tomado em modo expresso: os seus trinta e cinco minutos são como ver uma lareira a acender em câmara lenta, uma progressiva excitação até encontrar o conforto, a calma, a plenitude das coisas que o quentinho oferece. Talvez a demora de “Demora” seja um jogo entre o nosso desejo de sermos atentos e a constante necessidade de estarmos desatentos, de procurarmos a atenção noutro lado. Preferimos sempre a primeira: estar atentos. Usufruir, deixar a música vir, respirar e entrar em contacto com os sentidos. Levantar voo com “Demora” é uma recompensa justa, proveitosa e apreciada. O jogo de palavras torna-se possível: a “Demora” é fundamental.