Hey What
Low
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Desde que BJ Burton colocou as mãos nos Low que se assiste a uma das mais brilhantes transformações de uma banda que anda por aqui há quase três décadas. O segundo momento desse processo, "Double Negative", editado em 2018, era o de uma banda entregue por completo às mãos de um produtor, trabalhando um álbum no limite do erro, sem descaracterizar o passado dos Low. O álbum - pesadíssimo - carregado com a desilusão de Alan Sparhawk por ver uma América a tornar-se num local triste, incompreensível, era Low. Era Low de uma forma diferente, electrónico sem o ser, noise, experimental, no limite de pisar o risco. "Hey What" é o de uma banda a reencontrar o seu som neste processo. E a melhor forma desse reencontro são as inúmeras indecisões, falhas de som, arranques momentâneos da faixa de abertura "White Horses". É uma mensagem que também se faz pelo som - pelo processo - e que confunde o ouvinte, enquanto o integra em pleno nesta complicada e corajosa aventura sonora. Ignore-se o álbum por momentos, pense-se no quão maravilhoso é ver uma banda, de certa forma humilde, entregue a uma complexidade que luta a cada segundo para destruir a sua música, enquanto Alan e Mimi Parker a seguram, apenas com as suas armas de sempre (aquilo que é reconhecível). É um tratado de como sobreviver à idade, à exaustão, procurar novos encontros e existir criando a melhor música das suas vidas. Porque estão a lutar para a criar, porque têm um passado que lhes permite saber como criar. Só o acto de arriscarem isto é qualquer coisa. Fazê-lo criando música que consegue igualmente brilhante e desafiante, que parece estar sempre de joelhos, a suplicar para existir, que puxa e deixa-se ir com a mesma vontade, é algo de luminoso.