The Magic
Deerhoof
Altin Village & Mine / Clapping Music / Kythibong
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Se há banda a empurrar o rock para diante são os Deerhoof - desde o primeiro disco, "Dirt Pirate Creed", de 1996, que foram reformulando as convenções do que pode (ou deve) ser uma banda de rock, com composições musicais desafiantes, de estruturas irregulares, saltitando sempre entre partes de guitarra distorcida, rasgada, registos mais limpos, pontes de ruído ou secções rítmicas a solo. O papel do baterista Greg Saunier revela-se como o íman que agarra os elementos mais díspares, conferindo-lhes sentido - é o maestro da banda. Em "The Magic", num registo mais pop, acessível e catchy, o caos é subtil mas está lá: "Kafe Mania!" tem interlúdios a meio dos riffs principais, compostos assumidamente por ruídos, como pequenas pontes que dão sentido e direcção ao resto da música. Adornando outras músicas com sintetizador ( como em "Criminals of the Dream"), Deerhoof dão cor aos espaços em branco, elevando as vocalizações automáticas de Satomi Matzuaki com harmónicos interessantes que complementam o liricismo bilingue - cantando alternadamente entre japonês e em inglês, fica evidenciada a qualidade outsider da banda, que prefere trabalhar à margem. Mais funky do que o habitual, "Model Behaviour" e "Debute" trocam o caos organizado por linhas de baixo gordas e groovy com padrões de bateria sinergéticos, em batidas quebradas, motorizando o que acontece no resto dos instrumentos para que os corpos não cessem de se movimentar. "Nurse Me" finda o disco relembrando o trabalho de Melt-Banana: guitarras que soam a sintetizadores, barulhentas, explosões adjuntas com a bateria de Saunier a catapultar os riffs para o além. Disco-magia para quem aprecia trabalhos de rock e punk menos formatados, mais criativos, ousados e artísticos. Um empurrão para a frente necessário, um combate à estagnação criativa.