1985: The Miracle Year
Hüsker Dü
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Por volta de 1985, Hüsker Dü iam já no terceiro álbum, "New Day Rising", para surpresa dos fãs e dos críticos, com três ataques de um hardcore punk cheio de nuances. Quem os conhece já sabe o que esperar nesta nova compilação de registos ao vivo dos melhores anos da banda. Para quem os desconhece? Hüsker Dü foram parte importante na revolução do Hardcore Punk dos 80s, principiado por bandas como Black Flag, Minor Threat e Bad Brains, já amplamente aplaudidos por toda a gente. Hüsker Dü diferenciavam-se por uma energia menos macho (Bob Mould era um frontman vulnerável, tanto no sentido pessoal - a sua bissexualidade foi tema na imprensa e nas suas letras durante vários anos - como na maneira como expressava sofrimento, fúria, menos num ataque directo à sua audiência, mais virado para dentro) e com uma abordagem diferente no que ao punk dizia respeito, com composições que desafiavam as regras do punk, à altura, numa escrita mais progressiva, em mutação constante, surpreendendo ouvidos habituados às fórmulas mais standardizadas do punk - mais melódicos, menos "hardcore", mas com a mesma agressividade, frontalidade permeada pelas faixas, uma violência ligada à inércia do status quo, frustrações com o próprio, menos uma militância anti-sistema. A política em Husker Du sempre foi, ao contrário dos outros, centrada não num "nós contra eles", mas um "eu contra eu", com todas as vicissitudes associadas a dores de crescimento já depois dos 20. Liricamente anos-luz à frente de muitos contemporâneos (até além-punk), com trabalhos de guitarra angulares que desafiavam leis da física, uma secção rítmica pujante, poder preciso, certo, para fazerem passar as suas mensagens sem intimidar ou afastar ouvidos mais leigos. Confiem em nós e aproveitem estas novas caixas da Numero Group - de louvar, sempre, o trabalho arquivista desta editora - para (re)descobrirem uma das melhores bandas de punk a sair do continente americano.