Black One
Sunn O)))
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Uma das homenagens mais directas ao legado do black metal - seja pelo convite à colaboração de vocalistas como Malefic (Xasthur) ou Wrest (Leviathan), pela capa do próprio disco ou pela simbologia do estilo que se encontra transversalmente no mesmo – “Black One” é uma colectânea de ambiências soturnas, drones ásperos, herméticos de guitarra eléctrica, címbalos, gongos, white noise, sopros e outros efeitos sintéticos que complementam a dureza negra do disco. Inóspito, sempre de cadência pesada, vagarosa, "It Took the Night to Believe" é black metal sobretudo no tremolo nas guitarras sob as ressonâncias dos drones, que dão um riffage tântrico, ritualístico às invocações satânicas de Wrest, quais rugidos de um demónio enjaulado. Na muito abstracta cover do tema "Cursed Realms Of the Winterdemons", de Immortal, John Weise dá o noise sintético que complementa o negrume de feedbacks e da distorção que nos vai assaltando - no fim, o noise sobrepõe-se a tudo o resto, sugerindo um rasto de destruição. O contributo recorrente de Oren Ambarchi à produção do disco não só lhe é ubíquo como surpreendente: percussões graves, marcas espontâneas na guitarra, os carrilhões e os sinos que se ouvem são todos dele. De mãos dadas à linhagem do dark ambient, influenciada pela música Industrial, "Cry for the Weeper" é de natureza mais electrónica, com drones mutantes, reverberantes, tocados como sopros de morte das profundezas de um covil; notas agudas, repentinas de uma guitarra golpeiam-nos como armas pontiagudas. Escuro e assustador, como implica o título, é uma assombração que despertará muita curiosidade para os mistérios que nele são narrados, bem como um primeiro desafio ao alargamento dos critérios dos que consideram música como algo obrigatoriamente mais formatado, linear e agradável aos ouvidos. Uma visita aos vários níveis do Inferno.
