
Trésor Magnétique
Francis Bebey
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Há cerca de uma década, "Psychedelic Sanza 1982 - 1984", compilação da Born Bad, contextualizava e colocava no mapa o nome de Francis Bebey para uma geração de ouvintes que provavelmente nunca tinha ouvido o seu nome. Saiu na altura do boom deste género de compilações, quando na altura se descentralizava a coisa um pouco do Reino Unido - Honest Jon's, Soul Jazz, etc. - e percebia-se que havia mais mundo para lá do anglocentrismo. Hey, sempre houve. "Trésor Magnétique" é um objecto diferente, de "Sanza", um trabalho de arquivo em volta de material não editado por Bebey, que foi encontrado na casa do seu filho, Patrick. Diferente porque não relaxa num período, nem num rico - a compilação já referida apanhava um período particularmente prolífico de Bebey -, mas é uma espécie de leitura transversal. Isso quer dizer que é uma coisa menor? Pelo contrário, funciona como uma enciclopédia para acabar com os delírios de que a música do camaronês era "world music" ou uma espécie de folclore local. Era sim, uma porta para um mundo, para um século em que as experiências, para muitos, deixaram de estar em categorias e isso abria portas à exploração. Bebey nunca foi tímido com isso, fosse no uso de instrumentos, ou na forma como a voz servia um tema político ou uma mera narrativa casual. Para lá chegar o caminho ou era real - muito analógico - ou muito sintetizado, como se fosse música configurada, electrónica e até carente de movimento. Só que com Bebey, e esse é o grande trabalho feito em "Trésor Magnétique", os meios nunca interessaram, mas os fins. Talvez por isso fosse tão prolífico, talvez por isso tenha deixado tanto ouro por editar. Uma grande compilação para estreantes, amantes e quem precisa de um raiozinho de sol.