FLUR 2001 > 2025



L-Tryptophan / Somnosections / Pre-Natal

Delta-Sleep-Inducing Peptide

Holuzam

Regular price €30,00

Tax included.

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Entre 1989 e 1994, Dieter Mauson e Siegmar Fricke exploraram narrativas sonoras que simulavam estados de sono e alusões imagéticas oníricas. Durante esse período, Delta-Sleep-Inducing Peptide gravaram cerca de 25 cassetes em editoras por todo o mundo. Grande parte das gravações tem origem em estúdios caseiros, em diferentes partes da Alemanha. Esta caixa inclui três dos lançamentos durante o primeiro período de DSIP: Somnosections (1990), L-Tryptophan (1991) e o último dessa fase, Pre-Natal (1994). Voltariam ao activo entre 2013-2018.
Bate de imediato a percepção de música de excepção, em parte porque se sentem os procedimentos analógicos da criação e a componente orgânica desta música. O som aproxima-nos do imaginário desejado (o surreal enquanto “música de estados”), tanto pela ausência de códigos que precisem de ser decifrados, como pela compreensão subconsciente da música. Em boa medida, é ambient, fica lá, instala-se noutras camadas do nosso ser e serve de condutor para uma experiência. A melhor forma de entender Delta-Sleep-Inducing Peptide é incorporar o som enquanto experiência, tanto sensorial como psíquica.
Sem medo. É menos invasivo do que parece. Tem tudo a ver com o fluxo das coisas, como vai ao encontro do desejo. Lê a percepção do ouvinte, porque a cria, a conduz. Experiência comunal, universal? Talvez. Conseguiram-no com recurso a fita, sintetizadores analógicos, samplers, dictafones, percussão e recurso, por vezes, a gravações de transmissões de rádio ou de televisão. A experiência-enquanto-experiência é avassaladora, singular, distinta.
Os três álbuns criam impressões diferenciadas, embora com um mesmo propósito: entrar na mente, surpreendê-la; colocá-la num estado de rendição ao sonho. “Somnosections” é místico e funk (“Gone (NREM-Version)” é diabólica, viciante) e, em simultâneo, talvez o álbum, dos três, que funciona melhor com o lado negro do sonho, o pesadelo. Muito David Lynch. “L-Tryptophan” difunde sons em ondas e deseja-nos no centro da experiência, 44 minutos muito amigos para olhos cerrados e entrar-se no mundo que o som proporciona naquele momento. “Pre-Natal” usa loops hipnóticos e arpejos para ir mais fundo no subconsciente do ouvinte, hauntology antes de hauntology; Caretaker sem manipulação.
Duas horas e meia de som alienígena, não é deste mundo, não quer pertencer. O abstracto em realização no subconsciente, antes e depois de ser processado. Coisa bela, tão sobrenatural quanto natural, para ser ouvida no melhor dos estados: além.