Wonderful Rainbow
Lightning Bolt
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O maravilhoso arco-íris. Questiona-se o título, se não carrega alguma ironia, porque durante 40 minutos os nossos ouvidos são tomados reféns do duplo assalto da bateria convulsiva de Brian Chippendale (Black Pus) e do baixo de Brian Gibson. A secção tradicionalmente rítimica é subvertida e ambos provam que bastam dois para uma orquestra de ruído. O tempo pisca o olho ao punk, bateria presente , veloz como um raio com fills hiper-rápidos . O baixo sempre pungente, consequência de uma pedaleira carregada: quando nas notas mais agudas ("2 Towers") Gibson troca-nos as certezas porque faz ressoar uma guitarra mutante. Há poucas bandas tão volumosas somente com dois instrumentos - a distorção é tanta que podia entrar nas notas de créditos do disco. Partes melódicas dão lugar a partes explosivas, atonais; as dinâmicas devem pelo menos um pouco à tradição do hardcore - o espírito do punk está lá, é o imaginário que difere, porque cada música serve como uma tela onde ambos jorram tinta sem pensar muito num fim, havendo somente feeling . Muitas cores, muitas figuras, emoções e sugestões: é a tradição americana do neo-expressionismo sob a forma de música,o que ganha mais relevância quando se percebe que Chippendale é também artista plástico e fez todas as capas da discografi a da banda. Nesta tela há todas as cores do arco-íris: reprensagem essencial porque a procura era muita, a oferta pouca e o disco é imenso. Encontrem também o pote de ouro no seu final.
