Hyakki Yagyö
Eiko Ishibashi
A delicadeza com que a parte 1 se instala vai abrindo para 18 minutos (um lado inteiro) de exploração incessante. E se frequentemente pensamos em jazz, também com a mesma frequência procuramos pontos de referência, porque a sensação dominante em "Hyakki Yagyo” é de fusão e, até, de confusão, sobrepondo géneros, estéticas, ideias que associamos a outras músicas. Electrónica, flauta, cordas, uma visão particular de tradições japonesas em torno do Sobrenatural (relatos, histórias de fantasmas, arte, sobretudo). A música fez parte de uma exposição mais abrangente (“Japan Supernatural”, em Sydney) mas a escuta oferece a possibilidade de outras narrativas, autónomas do foco original, ocupando ouvidos e cérebro com a manifestação de múltiplos detalhes e criação de drama no que facilmente se equipara a música celestial, cósmica, espiritual, de reflexão sobre a tradição, como vimos, enquanto se procura um posicionamento actual, uma marca documental suficientemente aberta para ser partilhada. Rico, complexo, mas sempre fluído e natural.
