
Pirouette
Model/Actriz
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Fenómeno? Fácil de cair na tentação e dizer que sim. Talvez os Model/Actriz sejam um pouco mais do que o sabor dos tempos e existam para lá do hype da vida pré e pós o primeiro álbum. "Dogsbody" foi esse momento, de insatisfação e de energia, de quem procurava um razão para encontrar uma porta de saída após a pandemia. "Pirouette" tem os mesmos truques e manhas, mas com uma banda a querer sair dos rótulos do primeiro álbum caindo, propositadamente - achamos nós -, nos clichés de bandas que procuram um outro som no segundo capítulo. A palavra-chave é ideia "de propósito", porque se nada nos Model/Actriz parece fingido, também é verdade que nada para fruto do acaso, do imprevisto. É um acto altamente ensaiado, que sabe a sua audiência e para o que vai. E a beleza deles nasce disso, da certeza de qual é o caminho e qual o caminho que devem ser seguido. É um contrassenso dizer isto e dizer que a raiva de "Dogsbody" é original? Ou de que a evolução para "Pirouette" é natural? Longe disso, é por terem essas certezas nas mãos que conseguem canalizar tão bem uma ideia de voz geracional. A música é convenientemente desconfortável - como só poderia ser na higienização dos 2020s -, o desconforto é conformado e nunca revolucionário, como as novas gerações. É a música de insatisfação de hoje, e faz tanto sentido como a de outra década qualquer. Com pontos a favor: não tem nostalgia e tem pavor de cheirar a naftalina. E fala para gente que vive, mesmo que sejam como sejam, não para gente que já viveu. "Pirouette" mostra que continuam importantes, relevantes, e vivos neste teatro que andamos a viver.