Hear Nothing See Nothing Say Nothing - 40th anniversary
Discharge
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Com um conjunto de singles lançados entre 1980-82, e depois do primeiro disco "Why" os ter cimentado como uma força irrepreensível de hardcore político, Discharge lançam o clássico "Hear Nothing, See Nothing, Say Nothing" também em 1982, consagrando-os como "O" monólito do d-beat inglês. A base é a batida infalível de bateria (d-beat), por cima da qual os riffs cavalgam feroz e incessantemente. A distorção aqui ouvida (auxiliada pela produção de Mike Stone, que tratou de todo o trabalho inicial da banda) soa-nos particularmente original. Mais grave, crunchy, mas com um relevo diferente nos acordes mais agudos (guitarras carregadas de reverb e talvez afectadas pontualmente por uma espécie de pedal de Chorus?). Temas curtos, sem qualquer tipo de pretensões suspeitas ou temas-filler, com tempos céleres, uma voz zangada, protestante (e que entrega vocal incrível; ouve-se dor e cansaço real, aqui) e uma violência incessante com esporádicos solos ásperos, ruidosos e implacáveis. Politicamente orientados com rumo à eliminação de qualquer tipo de sistemas coercivos, e com a salvaguarda do ser humano em mente, as letras passam um pouco por toda a filosofia da banda, de forma sucinta e clara, ilustrando diferentes formas de opressão e combate às mesmas. O tema-título é especialmente memorável, registando um desejo de ignorância para apaziguar a dor; mais tarde, apelos à resistência e à necessidade de sobrevivência ("Protest and Survive"); pelo fim, uma nota mais pessimista relatando um possível cenário de destruição total ("The End"). É cada vez mais importante ouvir estas mensagens que, 40 anos depois, continuam a provar a sua intemporalidade. Sem Discharge não existiria música extrema como a conhecemos hoje - do metal, ao punk, ao grind, transversalmente. Sem sombra de dúvidas, um dos mais importantes discos e uma das mais influentes bandas punk de sempre.