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Perfecting Sound Forever

Greg Milner

Granta

Regular price €17,00

Tax included.
soft cover, 464 pp, 19,8 x 13,2 cm.

É um exemplo micro do cenário macro que é o Capitalismo descrito pelo Comunismo, nos dias clássicos, como “contendo em si as sementes da própria destruição”. E por isso, durante a Guerra Fria, a União Soviética teve paciência porque sabia que, mais tarde ou mais cedo, o Capitalismo se devoraria a si próprio. Transposto para o livro e utilizando o nome de uma banda pop com algum hype em Inglaterra há 25 anos: Pop Will Eat Itself. Greg Milner escreveu para várias publicações, incluindo a Spin, Village Voice e a Wired. É descrito como tendo passado a maioria da sua vida a ouvir discos e a pensar no som deles. O que ele nos conta é a fascinante evolução da gravação sonora e da sua fixação em diversos formatos desde a invenção do método e do suporte físico (cilindro e, mais tarde, disco) até praticamente aos nossos dias (o livro foi publicado originalmente em 2009). É uma História conflituosa de egos, negócios, visões do Mundo, Ciência, paixão, guerras corporativas, decisões desastrosas, acasos e, em última análise, saúde humana. Sony e Philips contra o Mundo quando o CD, desenvolvido meio à pressa, era a sua aposta comum num formato futurista, duradouro, perfeito, cómodo e transversal para comercializar gravações de músicos e bandas. Sabemos hoje onde essa utopia foi esbarrar. O CD fazia o vinil parecer realmente artesanal e obsoleto. Mas nem toda a gente pensava assim, e Milner revela os prós e os contras, os nomes de técnicos de som, produtores, engenheiros, audiófilos, editores, médicos, lojistas, músicos e cientistas de ambos os lados da barricada. As guerras de formatos e tecnologia (cilindro vs. disco, vinil vs. CD, analógico vs. digital, 7 polegadas vs. 12 polegadas, etc.), as guerras de velocidade (78rpm vs. 45rpm vs. 33rpm), as guerras de volume (masterização mais alta, mais ALTA, MAIS ALTA!), as guerras de estúdios e fabricantes e as guerras verdadeiras (Segunda Guerra Mundial, especificamente, e como se serviu de tecnologias de registo de som para manipulação, sabotagem, informação e contra-informação, ataque e contra-ataque). John e Alan Lomax e as suas abordagens puristas ao legado folk afro-americano (John obrigava Leadbelly a actuar com roupa de presidiário, porque fora de facto numa prisão que o tinha escutado mais puro e genuíno), a Motown, Joe Meek e Phil Spector, Beatles, Ramones, Talking Heads (em “77" a tecnologia já permitia que partes significativas do baixo de Tina Weymouth fossem substituídas na mistura do álbum, sem ela saber, por partes tocadas por um músico de sessão), Pavement, Nirvana, Def Leppard (por amor de Deus! mas depois vão perceber tudo), Red Hot Chilli Peppers, Black Eyed Peas e o inevitável Steve Albini. Para o underground verdadeiro, também aparece Akin Fernandez da Irdial Discs e o complexo subterrâneo da Cientologia no deserto do Novo México. É uma História de predadores, também, oportunistas e fundamentalistas, loucos e visionários. A narrativa tem um ponto de vista norte-americano, diriamos inevitável, com os devidos props aos outros países e pessoas que contribuíram para inventar ou desenvolver tecnologias relevantes. Hitler adorava Herbert Von Karajan. Mas retenham isto: o som digital faz mal à saúde, anula terapias e tratamentos e é responsável pelo elevado e crescente grau de psicose na sociedade contemporânea. Não somos nós que o dizemos, nem é o autor que o diz.