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Proto

Holly Herndon

4AD

Regular price €11,95

Tax included.

Tocar na inteligência artificial parece sempre um plano de futuro ou algo – ainda – da ficção científica como se fosse algo que ainda não está presente no mundo. Por medo ou suspeita, a presença/não-presença da inteligência artificial é também um desafio ideológico que estamos a enfrentar como humanos. E daqui para a frente esse desafio ideológico tornar-se-á moral e terá uma presença corajosa no discurso global. “Proto”, o quarto álbum de Holly Herndon tem tanto de “O Rei Leão” como de nova composição clássica e abstração linguística. Vive de presenças, claro, com Holly Herdon colabora gente como Jenna Sutela, Jlin, Lyly Anna-Haynes, Martine Syms, Mathew Dryhurst, Jules LaPlace e, claro, Spawn. Spawn é o nome da inteligência artificial que foi criada para este álbum. É diferente dos robôs do último de Mouse On Mars, Spawn é menos um instrumento, um utensílio, é mais uma presença: uma recordação futura do nosso presente. “Proto” rebenta com fronteiras, reveste-se de orquestrações de voz, materializa-se em barrocas epopeias electrónicas e manipula um desejo de euforia da música de dança. Enquanto transforma e se transforma, Holly Herndom procura uma beleza, quer construir sons que soem familiares ou, melhor, criar novos sons que se tornem familiares. Como a própria diz, “Proto” quer ir contra à ideia de que a tecnologia é desumanizante. A automação de “Proto” é contada nas histórias, a realidade, na sua música é diferente. “Proto” expira as melhores coisas da humanidade. Folk – oiçam as vozes – e pantones futuristas à procura de uma nova identidade, uma religião, talvez. Um disco do demónio e um disco dos anjos. Herndom juntou céu e inferno para servir os seus sonhos, uma linguagem do futuro que delira entre o piroso e o melhor pôr do sol. Quer desça do céu, quer suba do inferno, "Proto" é o nosso medo consumido na maior das epopeias. Que assombro.