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Mark William Lewis

Mark William Lewis

A24 Music

Regular price €14,50

Tax included.
24.10.2025.

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A desculpa é sempre Londres. A desculpa também é o processo. E Mark William Lewis sente-se, de momento, como o culminar de todo um processo. Não existiria sem Hype Williams (não é óbvio, mas está lá), não existiria de todo sem os avanços pop de Dean Blunt, Mica Levi e Coby Sey. Ao contrário de muitos, há aqui uma espécie de boa notícia. MWL tem seguido um certo plano: o artista meio mistério, que se foi tornando um semi-ícone nas playlists digitais, depois editou em vinil em edições limitadas, algo caras, que foram criando algum culto. Isto tudo no rescaldo da pandemia, é um artista desse pós, o que significa que depois de ter ganho algum culto na cidade/Reino Unido, começou a viajar e os concertos foram arrebatando mais fãs. Eis as boas notícias: embora haja aqui muito papel vegetal, MWL sabe - e é isso mesmo, sabe, de sabor - a algo original. Eis o hype concretizado, o seu primeiro álbum - mais a sério, por assim dizer - sai na A24, isso mesmo, a produtora de cinema/televisão que agora também tem uma editora. As canções dele são sufocantemente pop e, também, sufocantemente básicas. Mas é essa simplicidade que o torna relacionável, a música tanto é nocturna como lamechas, directa e elementar: como o Dean Blunt pop, no fundo, pensamos, porque é que gente inteligente não faz mais música assim? Porque é, de facto, muito boa. Tudo isto surge sem uma ideia de máscara, MWL parece mesmo ser isto. Música honesta, portanto, em que muitas vezes só ouvimos a guitarra e a voz - embora haja todo um outro universo a envolver -, porque o clima/ambiente da música provoca essa envolvência. Música, também, solitária, por detrás de uma certa fluência de boa disposição, as canções existem no cenário de uma bruta solidão. Talvez o melhor exemplo seja "Tomorrow Is Perfect", canção estranhamente familiar e, por isso, ainda mais bruta, desoladora. O homónimo de MLW é um disco de outro tempo - parece que Red House Painters se reuniram com Morphine a fazer covers de Spiritualized circa "Lazer Guided Melodies". Sim, muito 1990s. Mas tão presente. O disco para se estar sozinho em 2025. Uma sanguessuga de sentimentos, tão cheio de nóia-pop brit que até dói. Mas dói nos sítios certos. Percam-se, delirem, se conseguirem, acompanhem. É fácil, por isso é que é tão bom.