
The Raw Factor
Omniscence
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A Carolina do Norte não é um dos grandes berços de música hip-hop ou rap - hoje em dia já há J. Cole e DaBaby, mas esses valem o que valem. Nos anos 90, havia Omniscence, anos-luz à frente destes seus contemporâneos e com uma equipa de produção a sustentar a sua visão de forma fiel. "The Raw Factor" nunca viu um lançamento oficial - tinha data oficial de lançamento para 1998 e foi cancelado, sem sabermos bem porquê, já que tudo isto se deu no âmago dos 90s onde a internet ainda era embrionária e não havia uma caça tão intensiva ao drama por parte da imprensa. Bem na moda dos 90s, onde o boom bap se tornou cru, agressivo, fiel aos relatos das ruas e às lendas urbanas, Omniscence relata o dia-a-dia na Carolina do Norte por cima de batidas bem localizadas, que têm tanto de deep e jazzy (escutem "Nuff Love" para entenderem a técnica de DJ Fanatic) como têm de agressivo, gangsta ("Amazin'", "If You Got Beef"), camuflando-se consoante a temática e o tom de Omniscence. Mesmo nas faixas, à partida, mais violentas (ainda "If You Got Beef" - dos primeiros exemplos com adlibs na imitação de tiros?) mostra um lado empático, humano, qual contraste com contemporâneos seus que seguiam o mesmo tom (Redman vem logo à memória). A cadência e a matiz do tema-título relembram-nos invariavelmente de Mobb Deep, sendo que até o flow de Omniscence transparece essa atitude concomitantemente relaxada e ameaçadora de Prodigy e Havoc. Materialização física de um álbum que nunca se deu, perguntamo-nos o que terá acontecido para que a Elektra (editora que planeou o lançamento deste disco) tenha perdido a oportunidade de imortalizar o nome de Omniscence mais cedo. "The Raw Factor" é tão importante como qualquer outro disco genérico de boom bap dos 90s e Omniscence vê finalmente o seu nome imortalizado. Não durmam.