FLUR 2001 > 2025



horizonte

funcionário

Holuzam

Regular price €20,00

Tax included.
12/09/2025

LISTEN:
CLIP1 - CLIP2 - CLIP3 - CLIP4 - CLIP5


Pela primeira vez, funcionário (Pedro Tavares) aborda a criação musical por processos orgânicos. Em "horizonte" agarrou-se ao moog e deixou a verdade assumir a textura de música livre. Está para lá da ideia de percepção, veem-se muitas cores, sente-se movimento, ouve-se liberdade. "horizonte" apresenta-se como outro dos processos atómicos na - ainda - curta carreira, onde quebra com o passado e constrói novos códigos para procurar outros mundos. Já encontrou o quarto mundo de Jon Hassell em "Cavalcante" (Holuzam), "Momento Claro" (Glossy Mistakes) ou "O Mensageiro de Nordsud" (ed. de autor); antes disso preenchia o glossário da adolescência e pós-adolescência com música que sonorizava os sítios imaginários de RPG japoneses e animes. Em "horizonte" acontece a maturidade, a de um artista que procura a improvisação enquanto um processo e se deleita com essa ideia. Nas palavras do próprio: "É como se estivesse a pintar com pastel de óleo pela primeira vez e a descobrir todas as possibilidades. Novas maneiras de aplicar as mesmas cores de sempre." O ritmo desacelerado nos temas convida a um estado onírico. Parte da beleza deste álbum reside na sensação de acreditar que isto deveria ser música com beat, mas o beat está ausente. Como se ele estivesse lá de origem e tivesse sido retirado (serão resquícios do seu Império Pacífico com Luan Bellussi?). Essa sensação - porque é só isso - provoca um estado de permanente acordar, em que a percepção lenta dos sons existe somente enquanto simulação e, por isso, "horizonte" transcende a ideia de música ambiente. O mote vem logo na abertura, em "nascer". o segundo tema, "pássaros", entrega esta ideia de expansão que se irá desenvolver ao longo do álbum e vai encontrando novas resoluções ou, se houver esse preferência, uma espécie de reset, com "renascer". Fica aqui sugerido uma ideia de missão, "horizonte" contempla e contempla-se, funcionário procura não ficar deslumbrado durante o processo e entregar uma ideia de música livre que lhe é própria: condicionada pela própria burocracia, funcionário a ser funcionário dele mesmo. Isso, espanto, é bom. Há Vangelis na segunda metade do álbum. "renascer" abre essas portas e volta a estar presente em "o caminho de regresso", explorações dessa dimensão com uma boa dose de excesso. Na sequência "asa" e "corrente" ouve-se a distopia em "horizonte" e é talvez onde funcionário comece realmente a aceitar que existem outros mundos possíveis para lá do quarto mundo. "fantasma" é uma belíssima porta em aberto, o final possível para um álbum tão arrojado.