Clássico
DJ Bebedera
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Depois de dois 7" na editora francesa Bazzerk que evidenciaram os tarraxos de Bebedera como singulares, inauditos, de sound design próprio e autoral, introspectivo, que só a ele lhe pertencia (em "Tarraxo Funguiça Das Negras", por exemplo, encontrávamos laivos de Witch House) perguntávamo-nos como é que ainda não existia uma ponte entre o produtor e a Príncipe. A espera chega ao fim com "Clássico", álbum de estreia de Bebedera, uma proeza criativa nos títulos e na própria música: "Fodancia do Mais Velho Aguado", como é indicado, é tarraxo para sensualidades entre corpos, com tom ácido subtil, sirenes MIDI e percussão sincopada, vagarosa, que garante máxima eficácia em ginástica ininterrupta. "Fodencia Taradinha 2 Apito Dourado" comunica groove através do preenchimento inteligente de silêncios, com um ritmo dividido entre percussão, sample de um "woo!", apitos e uma espécie de reco-reco. Cria uma atmosfera soturna devido à reverberação total dos elementos, insistindo numa ambiência cavernosa ao longo do disco, qual paradoxo assumido entre as sugestivas fodências e o que realmente se ouve. "Tarraxo Guetto Muita Liamba" soa ao seu título - aura drogada na percussão sincopada e nos sons agudos, quais estridências mecânicas que se ouvem a meio, antes de um par de acordes melódicos entrarem para colorir o campo estéreo. Bebedera insiste num valor baixo de batidas por minuto (tirando a excepção que é "I Will Beat the Top High", a mais veloz mas, curiosamente, a mais simpática e veranil), garantindo moção permanente e adicionando ao catálogo da Príncipe uma nova linha autoral distinta ("Tarraxo Bandido Organização Criminal" recolhe um sample do que parece ser um jogo FPS - talvez Counter Strike?). Música sincera, inadulterada, instintiva - DJ Bebedera está na linha da frente do Tarraxo com as suas Fodências e com uma produção exemplar que sustenta a sua visão. Música para o coração da noite? Sim. Future classic? Não. É clássico agora.
