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Bad Vibes

Shlohmo

Friends Of Friends

Regular price €29,50

Tax included.

14 de Novembro de 2025

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A beat scene de Los Angeles na década dos 2010s semeou muitas colheitas que foram dando frutos ao longo de toda a década (Flying Lotus, Knxwledge, Teebs, Nosaj Thing, entre outros). Ainda hoje sentimos reverberações dos anos do Cloud Rap, dos princípios dos iconoclastas do SoundCloud, da romantização das drogas, o surgimento do emo rap. Tudo isto está interligado num feedback interno na Internet, onde redes sociais (à altura, o Tumblr) fomentavam fenómenos do zero. O início dos 2010s ramificou o hip-hop em múltiplas e antagónicas direcções, mas os beatmakers de Los Angeles, artilhados com as SP-404 e respectiva capacidade de processamento de som, puxaram o beatmaking para territórios mais texturais, downtempo, instrumentais impróprios para líricas pesadas e indicados para resguardos confortáveis. Texturas granulares, captações de campo, batidas desaceleradas, música para dias de chuva, sons atípicos em toda a lógica do beat making onde. anos antes, J Dilla e Madlib tinham elevado a fasquia. A música indie e a cena DIY ligada ao Tumblr (lembramo-nos, por exemplo, de Teen Suicide, numa altura onde essa rede social parecia substituir o MySpace na função de divulgação de música) terá sido influência para este disco, já que "It Was Whatever", por exemplo, lembra esforços do Emo dessa década, com guitarra destacada, emotiva, a comandar a batida. Shlohmo apontou tudo noutras direcções, rompendo dogmas e apontando a lógica do beatmaking para territórios que, até à altura, raramente eram cruzados com hip-hop. "Big Feelings" resume bem o disco, com uma linha melódica que vai planando e distorcendo sobre a batida, sugerindo torpor e melancolia. "Places", com um sample de guitarra cândido e uma secção percussiva que parece samplada dos ruídos de uma impressora industrial, faz derramar o coração por cima da batida. "Parties" puxa os samples percussivos até aos seus limites, esticando-os e distorcendo-os até soarem a erros digitais, glitch, com delays acentuados, metralhados. Espécie de beatmaker impressionista, os temas de "Bad Vibes" nem sempre se traduzem como o título sugere, mas registam momentos específicos, memórias recuperadas e regravadas. Nostalgia assumida, sensações próprias de uma cuffing season. O disco é sequenciado praticamente sem pausas, sugerindo audição contínua e conforto para dias de chuva. Procuram uma audição adequada a céus cinzentos, resguardados numa fortaleza de mantas com um dilúvio a rugir à janela? "Bad Vibes" é o disco.