Psychic Resynthesis
Mark Fell
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Dado o conhecimento prévio que se tem de Mark Fell, pode-se pensar que uma proposta como "Psychic Resynthesis" é uma de confronto, de provocação: como colocar a música de Mark Fell a ser interpretada por um conjunto de formação clássica/contemporânea. É isso que o Explore Ensemble e Fell se propõem a fazer, sem antagonismos, com um dinamismo que responde a uma ideia matemática da música. As ideias organizam-se com tempo, alias, com uma combinação de tempo e de hierarquia de sons. "Psychic Resynthesis" está cheio de detalhes, tangíveis a ouvidos desprevenidos, e que se percebem seja no ritmo e na estrutura das peças. Nada é deixado ao acaso - outra coisa não seria de esperar - mas o que impressiona é como som, execução e a obediência sonora de Mark Fell combinam e fluem, sem momentos de interrupção (mesmo entre temas há uma percepção de continuidade) e com uma ideia singular de controlo (ou, se se preferir, de domínio). As ideias de Mark Fell submetem as noções de "música clássica" e desafiam o que se entende como harmonia. Com rigor, é como se criasse outra (harmonia) de raiz, uma nova ordem para se perceber como os microdetalhes da electrónica podem ter lugar - e mudar - o entendimento da clássica, sem a necessidade de um vice-versa. E isto é importante, porque não se deve ter uma leitura dual de "Psychic Resynthesis", mas uma num sentido único. A proposta só é singular porque a execução também o é, teimosa na sua determinação, sem nunca ser apreensiva no caminho que está a tomar. "Psychic Resynthesis" é uma nova ideia envolta numa organização própria, com um determinismo absoluto sobre onde quer chegar. Acresce que a música é agradável, sem se vergar ao compromisso. O desafio existe na própria música, na sua execução, nunca em ouvi-la. Um dos álbuns do ano.