FLUR 2001 > 2025



Blurrr

Joanne Robertson

AD 93

Regular price €26,00

Tax included.

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Joanne Robertson criou música intuitiva. As colaborações - e associações - com Dean Blunt talvez lhe tenham dado a aura, a permanência desse estado é glória dela. Pode-se dizer que o mais difícil é que as portas se abram - verdade - mas ainda bem que se abriram para Robertson. Os álbuns têm sido uma incógnita, vendidos com a ideia de demos, produtos inacabados, e aí também se misturava uma outra ideia, a de que afinal não era bem assim. Eram álbuns, produtos finalizados. A confusão é propositada, há o desejo de manter vivo o mistério, não sobre ela - como é habitual nestas coisas - mas sobre a própria essência: da música. Habituámo-nos a ouvir canções sobre a falta, que manifestavam a falta, a perda, as canções de Joanne Robertson carregam essa ideia: de que algo não está finalizado, de que há um buraco, um falha, algo que nem ela, nem nós, conseguiremos encher. Pense-se para lá disso, não é essa a essência de viver? Não se trata de FOMO, mas para uma geração que cresceu educada numa ideia de futuro melhor, torna-se difícil aceitar: sobretudo porque ela faz parte daqueles, desta geração, que percebeu que é impossível crescer para sempre. A música não é política, mas tem essa mágoa, esse vazio, a constante ideia de que assim não dá. Por isso, é um produto inacabado, uma névoa que tapa algo que não conseguimos ver: o final, a canção idealizada. A canção idealizada não existe, existe a canção gravada. É isso que Robertson nos tem dado. De forma natural, espectral, com o dedo do meio apontado para os que querem ver aqui os fantasmas do domingo passado. Isto não é hauntology, é o desespero em forma de amigo.