Quetzalcoatl
Tito
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Disco raro de música electrónica mexicana, precoce, que em 1977 já fazia soar o MiniMoog e o ARP Odyssey - e que, no início do disco, bufam white noise como o éter palpável na nossa passagem para o outro lado desta viagem no tempo. O resto é história, semelhante à que já havia sido contada noutros continentes: melodias bonitas, monofónicas, limpas, com drum machines a darem o ritmo da marcha aos outros instrumentos. Muito aqui soa a uma emulação da fauna e da paisagem natural da América Latina - os pássaros eléctricos visitam-nos pontualmente, trovões e chuva sintéticos tornam vívidos os terrenos do disco - ligados aos elementos e à natureza, numa ode aos antepassados da mesoamérica e às divindades astecas. A guitarra de Tito também dá cadência aos ritmos, na ausência dos sintetizadores de percussão, aludindo à música folclore própria da cultura do seu continente. A robotização da voz de Tito - como ouvimos em "El Hijo" - e a união plena com as máquinas interpretam-se como urgentes na superação de uma condição que, sem a música, revelar-se-ia intransponível. Uma espécie de meso-futurismo, o de olhar o passado, reencaminhando-o para o futuro: "Quetzalcoatl" é um disco de homenagens e de influências demarcadas, glorificando orgulhosamente a sua história e os seus mitos pré-coloniais, eternizando Tito como o homem-máquina, do futuro, que com a força dos seus antepassados ganha a vitalidade para perdurar no tempo e quebrar correntes. Um marco.