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Windshift

Michael Atherton

Infinite Expanse

Preço normal €26,50

Taxas incluídas.

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Às épocas atribui-se certas tendências, modas - originais ou revisitadas - e fulgores que são justificadas por imensas coisas que acontecem no imenso boião cultural e global. Nos 1990s no dito mainstream houve uma certa euforia pelos sons globais, pela fusão sem critério e manias de aproximação que, à distância, percebe-se que tinha o efeito contrário (e, pior, eram paternalistas). A ideia de "world music" estava em fogo e toda a gente queria entrar nesse barco. Essa euforia, abertura, também teve alguns efeitos positivos e à distância podemos descobrir alguns discos que seria impossíveis noutro momento. É o caso de "Windshift" de Michael Atherton, nascido no Reino Unido, mas a residir na Austrália desde meados dos anos 1960. Em 1990, depois de décadas a ser um autodidata de instrumentos, resolveu meter a prática em movimento e produziu um álbum que mistura sons globais ao sabor da época (encadeados por um sabor experimental muito europeu) e uma certa ingenuidade em tocar os instrumentos que dominava. O resultado surpreende pela variedade de sons/abordagens que vão desfilando ao longo dos temas. Há linhas de jazz de bar de strip em fluência com sons de cordas japoneses, há drama tântrico em doses pequenas que suam New Age ("Windmill") ou coisas como "Zephyr" que estão em contacto com uma ideia de folk. "Windshift" soa a um Mike Cooper condensado em menos de uma hora, onde a ingenuidade vence o preconceito e permite experiências nada óbvias e que resultam num formato de comprimido. Talvez por isso, não se sinta que Atherton esteja a viajar pelo mundo à procura, a forçar uma fusão, mas mais a experimentar cores a ver se conjugam bem. À distância de mais de trinta anos, "Windshift" permite-se a ser visitado com curiosidade e a deixar-nos agradavelmente surpreendidos.