Later Than You Think
John Maus
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Cancelado – não vamos discutir os porquês ou se sim ou se não -, John Maus parecia arredado do mundo para sempre. Contudo, cair em desgraça não significa um fim. Até porque já estávamos habituados a estes silêncios, aconteceu entre “We Must Become The Pitless Censors Of Ourselves” e “Screen Memories”, seis anos separaram, fizeram muita gente esquecer Maus ou até recordá-lo como uma espécie de luz que brilhava e gritava o fim iminente. Há um Maus que é uma “memória de um ecrã”, que também é uma memória presencial, de quem o viu ao vivo antes da sua carreira ter tido um boom. Apesar disso, manteve-se fiel a ideias, princípios, e “Later Than You Think” entrega novamente essa ideia, gravando um disco em 2025 como se a hypnagogic pop não tivesse passado de moda, como se uma certa transgressão com o passado – e a insistência nela – fosse essencial para manter o presente bem presente. Acredite-se naquilo que os ecrãs mostraram sobre Maus, acredite-se na sua versão, ou não se acredite em nada, é admirável como Maus continua igual a um fantasma de sim mesmo. Ouvimos “Reconstruct Your Life” e temos essa certeza. “Tonight” é a inocência de outro tempo sem a irreverência. “Let The Time Fly” é o plano de pássaros a passar por cima da glória da música de John Maus. O próprio a rever-se a si mesmo, a sinalizar uma virtude que o próprio autoproclamou. Continua a ser uma persona, continua a ser música sobre uma persona. Continua a ser John Maus.