Christisland
Excepter
Excepter foram um grupo formado e baseado em Brooklyn e que apresentam um som que mistura o modus operandi do Electro (caixas de ritmo, sintetizadores monofónicos que rasgam o campo estéreo) com uma lógica de composição livre, mais amorfa, longe da pop, por onde conseguem sinistrar mentes e entregar música inaudita. "Christisland" é um EP de 2013, gravado na Dinamarca em conspiração com músicos dinamarqueses, mas cuja reedição quase nos fazia acreditar que tinha saído agora. Caixas de ritmo em sequências que groovam a sua voltagem com a panóplia de sintetizadores, uns que se vão abrindo e fechando - pelos cinco minutos da primeira faixa, os drones vão oscilando como se do fole de um acordeão se tratasse, ampliando e contendo o drone à discrição, por entre bleeps e bloops desnorteantes e vozes que se ouvem à distância numa espécie de angústia/catarse em espaços liminares, enquanto que a faixa vai sendo entupida por camadas mais opressivas e nos toma de assalto como numa possessão espírita. O título ou advém daí ou será uma referência à Christiania e aos excessos e liberdades associadas a esse local. Pelo fim da faixa, tudo é desconstruindo, até o ritmo, qual resíduos espacial que nos atropela até ao seu fim. "Beargarden" alenta o tempo e faz sonorizar drones que soam a descargas eléctricas, com teclas a formar pads que amolecem a bolha de som e nos permitem planar, reticentemente, sobre uma música que hostiliza e abraça em iguais partes. Electrificantes, genuinamente intrigantes, de produção hi-fi e exibindo domínio de síntese e sonoplastia, Excepter supreendem com um disco de 2013, agora reeditado e que não soa nada anacrónico. Pelo contrário. Música do passado que soa ao futuro, ainda hoje.