
Inventor Vol. 2
DJ Znobia
Parte dois de quatro dedicada ao imenso arquivo - não editado - de DJ Znobia. Visionário e pioneiro, entre finais dos anos 1990s e meados da década seguinte que Znobia - Sebastião Lopes - produziu música que desafiava a ordem e criou bases que sustentam grande parte da música electrónica da diáspira africana das últimas duas décadas e cujos elementos estão presentes desde o grime até ao funk brasileiro. Znobia fazia música com muito pouco, usando software elementar e sons de fácil acesso - um dos temas usa o som de erro do Windows -, explorando de forma obsessiva os elementos - e a forma como - que fariam algo funcionar. Por vezes, a ordem das coisas segue a lógica de um puzzle, em que se pega em peças e vê-se se é ali o sítio certo, tenta-se, tenta-se - sem forçar -, até que algo bate certo. Só que aqui não há erro, tudo faz parte do processo de experimentação, em que experimentar a peça fora do lugar é uma particularidade importante para a criação de melodias e da excentricidade que esta música tem. Ao ponto de que a única coisa que acusa o tempo nestes temas é os samples, isto é, percebe-se que são de um certo tempo - seja os sons do Windows ou vídeos de YouTube. Fora isso, ainda hoje é música de futuro, em que a experimentação anda de mãos dadas com a inovação e com uma vontade de ser elástica, mesmo quando bate com algum sentido de urgência. Intemporal é isto.