FLUR 2001 > 2025



Comafields / Imaginary Festival

Burial

Hyperdub

Preço normal €14,00

Taxas incluídas.

LISTEN:
CLIP1 - CLIP2


Uma introdução desconcertante, com voz grave e premonitória, um drone gélido que arrepia, qual cama para as habituais vozes pitchadas e um kick 4/4 que entra sem grandes alaridos - voltámos ao Burial da década passada? Com o seu ritmo ininterrupto, inalterado, a servir apenas de âncora rítmica para que o resto da faixa crie uma ambiência específica, de tom pesado, introspectivo, contemplando as funções do próprio em relação ao Outro. Um arpejo, na simulação de estímulos mentais auxiliados por lisergias, vai aumentando a sua ressonância, com potencial revelatório; emparelhado com outro drone, mais áspero, revela as influências e aspirações de Burial em 2025 - não há um beatswitch assumido como havia em “Dreamfear” do ano passado, mas o arpejo central à faixa muda de cores repentinamente, qual espelho de experiências alucinatórias interiores e na interacção com música psicadélica; pelo fim, há percussão sincopada sobre o beat 4/4 e “Comafields” declara-se como uma interpretação de um trance (ultra) introspectivo, virado sobre si mesmo e atento a mutações interiores. Ouvimos uma voz deixar sair a palavra “ecstasy” da forma mais espontânea possível, quase como se de uma confissão envergonhada e vulnerável se tratasse. Em “Imaginary Festival” são-nos deixados os resquícios dos 2steps de Burial da década passada: ritmo diáfano, sincopado, quase minimalista, solitário entre as vozes e os acordes que vão aparecendo e desaparecendo de cena, como se estivéssemos a ouvir a festa à distância. Pelo seu fim, já não resta nada, apenas as palavras de quem nos acompanha na aventura, quais formas de comunicação elementares, sem significados, expressões de puro júbilo, um regresso à infância e à inocência. Burial continua a esticar os limites do que é ou não possível enquadrar nos moldes da música de dança sem desvirtuar a lógica do seu próprio universo sónico, emotivo, à flor da pele.