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For The First Time

Black Country, New Road

Ninja Tune

Preço normal €29,00

Taxas incluídas.

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Pela primeira vez. Há uma grande máquina britânica de comunicação, criando hypes musculados antes - sequer - de haver qualquer justificação por via da audiência. Há o facto da história da "next big thing" já não convencer ninguém. Há toda uma série de experiência do passado para desacreditar que o álbum de estreia de Black Country, New Road é a next big thing. Bem, não é. Porque está aqui. Mas vale a pena meter as coisas assim: é a melhor estreia de uma banda em anos. E é editado pela Ninja Tune, que não tem qualquer álbum assim no seu catálogo de trinta anos. Nada. Nada assim tão rock, tão crente no rock. Não é uma mudança de paradigma: é o efeito Black Country, New Road como refresco do rock presente. Visão, portanto. Começaram como miúdos - agora têm pouco mais de vinte - e são uma formação grande liderados por Isaac Wood, um vocalista convencidíssimo que poderá estar em breve entre os grandes. Fazer história. Não têm a arrogância (sabemos que parece contradição, mas essa é parte do fascínio de Isaac Wood) de bandas do mas têm um álbum, com seis temas apenas, que é uma homenagem inatacável a todas as variantes do rock dos 1990s, desde os Slint ("Spiderland" comemora trinta anos em 2021) até aos Mogwai, passando por Godspeed You Black Emperor, Mercury Rev e Radiohead. "For The First Time" não está convencido do quão bom é - e é uma das suas grandes qualidades - e faz as canções acontecerem com uma naturalidade maravilhosa, copiando aqui e ali momentos significativos do indie rock dos últimos 40 anos. A cópia encaixa no contexto tão bem que se esquece que isso está realmente a acontecer. São as letras de Isaac Wood? Numa brilhante insegurança/arrogância que contextualiza tão bem as nuances da vida britânica da actualidade e com uma qualidade notável de contar uma narrativa sem o ouvinte perder o fio à meada - e sem deslocar a orientação de que o que está a ouvir é realmente poderoso. Seja quando está invencível com os seus "Sunglasses" ou na incrível tomada de posse do lugar de James Chance & The Contortions em "Science Fair". Andamos a ouvir este disco há vários meses e sabemos o quão descarada a inspiração nos clássicos é. É abusadíssimo. Mas é tão bem feito, perfeito na sua assimilação e comunicação para 2021. Os Black Country, New Road são a definição de banda que se gostaria de ouvir na adolescência, a banda que se gostaria de ter. Está tudo lá, em novelas rock de seis, oito e dez minutos, onde a explosão é uma mera consequência da história que Isaac Wood conta. Uma viagem que é também um escape para os tempos de hoje, um diálogo de memória e uma carta aberta a dizer que o rock para as massas no século XXI não precisa de ser uma seca, ter "electrónica" ou ajoelhar-se para as playlist do Spotify. Também é feito de canções inesquecíveis, bombas para um próximo futuro. Hype? Bah. São a melhor coisa agora. It's black country out there.