Future Me Hates Me
Beths, The
A ausência de pica, pica enquanto estofo, força, vontade de dizer coisas e dar porrada, no indie-rock actual é uma realidade triste. Seja porque os primeiros álbuns são de uma natureza mais limpa, insípida e sem vontade de comunicar o que se passa no interior, mas falar de algo que o exterior entenda. "Future Me Hates Me" passa uma mensagem forte logo no título e é com esse estilo que Elizabeth Stokes escreve as suas canções. "Future Me Hates Me" não é um disco de lamúrias, é um disco de gente chateada – principalmente Stokes –, um bando de jovem adultos de Auckland, Nova Zelândia, que transmite isso em melodia e energia, com um sentido pop fascinante. "Future Me Hates Me" não é só um grande álbum, é um álbum de grandes canções. Quarenta minutos, dez canções, com um sentido de grandiosidade, sem barroco e com tudo no certo: Stokes é o resultado de um casamento perfeito entre Stephen Malkmus e Kim Deal. Hoje em dia é mesmo difícil encontrar um álbum de guitarras que tenha tudo no sítio: que soe a um álbum de guitarras, que tenha noções de álbum e que à nona faixa ainda seja capaz de entregar umas das melhores canções do seu alinhamento ("Whatever"). É complicado, quando tudo o resto que está para trás - oito canções!!! - roça a perfeição indie-rock. Que disco!