Colour Green
Sibylle Baier
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A alemã Sibylle Baier era completamente desconhecida até ter sido encontrada por Jeff Mangum e editada na sua "Orange Twin Records". Música gravada entre 1970 e 73, intimista entre uma voz doce, delicada, e dedilhados de guitarra que expressam toda a dor associada às vivências de um status quo. Há mágoa partilhada e compreendida em "Tonight", que reconhece o outro e onde o outro a reconhece e a conforta - a música de Baier soa a um abraço, com vulnerabilidade realista e um sentido melódico que é traduzido como se fossemos acompanhados por uma voz amiga, ternurenta, com realismo traduzido de forma impecável por entre as suas letras e os seus dedos. "I Lost Something in the Hills" conta com saudade tempos passados, perdidos até então, num recolhimento de memórias de momentos que já foram, perdidos pelo tempo e recuperados sob o formato canção. A perda é um tema recorrente em "Colour Green", que alude a temas pastorais mas que nos confronta com honestidade palpável, a tradução de tristeza, mágoa para som, mas com uma certeza de quem olha para o que passou com confiança, cabeça levantada e mão na arma - munida da sua guitarra - contra a derrota. Mas nem tudo é desolador: "Softly" melhora os ânimos numa música meiga, suave - passando a redundância - sobre os seus filhos. A música de Sibylle Baier é caseira, como se de um prato confeccionado com todo o amor pelo ofício se tratasse. Há poucos discos assim tão próximos ao coração, de emoções jorradas para um reel to reel (a maneira como este disco foi gravado traduz-se na familiaridade brotada pela sua música) e que sentimos como se ela nos estivesse a cantar aos ouvidos. Lindíssimo, é um disco que tocará qualquer um de maneira diferente mas sempre profunda. Daqueles discos com música muito difícil de apontar o dedo. Arriscamo-nos a dizer que quem não gosta disto provavelmente não terá coração. Música sacrossanta, god-sent? Bem provável.