FLUR 2001 > 2025



Un Pensiero Intrusivo

Natura Morta

Disques de la Spirale

Preço normal €29,00

Taxas incluídas.

LISTEN:
CLIP1 - CLIP2 - CLIP3 - CLIP4 - CLIP5


María Mallol Moya, colombiana residente em Itália, gravou em Cagliari um disco singular, evidenciando uma vontade de mostrar ao mundo algo inaudito. Captações de campo, frágeis notas em teclados de sintetizadores, sussurros naturais que brotam de uma fauna e flora específicas, uma guitarra que pincela de quando em quando, sugerindo vida orgânica - no tema-título, por exemplo, a simbologia da natureza morta expressa a passagem do tempo, a impermanência de tudo, da vida e da morte ou até um ocaso ecológico - a voz de Moya, carregada de efeitos que a distorcem, vem de cima e condena a erosão paisagística. As faixas do disco, numa sequência sem pausas, provam a obra como um todo pensado por Moya, contínuo e ininterrupto. Em "Blood Is Life", um contrabaixo marca a cadência quase marcial por cima de teclas harmónicas, ruídos entómicos e a voz de Moya na canalização de uma energia quase-Björk, qual xamã exilada - pelo fim desta faixa, incisivas notas num sintetizador mais seco soam, simbolizando as surpresas às quais ficamos sujeitos ao entrar neste mundo, enquanto que um remoinho de vozes reverberadas nos assombra a panorâmica estéreo. "Tu Canción" já cruza espiritismo folclore com uma atmosfera própria de uma qualquer badlands no faroeste, de guitarra pronunciada e com cadência pós-punk (a secção rítmica confirma-o), corroborando imaginação e coesão no universo de Moya. Pelo seu fim, "Tus Ojos Como una Espada" soa a um rito fúnebre, sério, solene, contemplando o fim de uma era até dar lugar a "No Wine No Life No Bread", com caixa de ritmos, graves mais gordos, um loop circular electrónico, industrial, qual instrumental que anuncia o fim definitivo de uma era. "Natura Morta" é um portal para uma nova dimensão que se abre como realidade alternativa, uma fuga ao caos impiedoso das grandes cidades, rumo à idealização de uma utopia florestal que se revela como prematuramente destruída. Sinais dos tempos? Um espelho.