
Jah Fire
Hugh Mundell featuring Lacksley Castell
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Depois do genial "Africa Must Be Free by 1983" (parafraseado no disco do japonês RNA Organism, de 1980, em "Yes, Africa Must Be Free Eternally", também destacado por nós - full circle!), a sequela dá-se com "Jah Fire". No primeiro, Hugh Mundell tinha 16 anos, o que surpreende porque se trata de um dos grandes discos do contínuo roots/dub jamaicano com Augustus Pablo na produção. Em "Jah Fire", a cadência hiper-relaxada do primeiro disco mantém-se e há mostras valentes de produção hi-fi com Prince Jammy nos comandos (o detalhe nos instrumentais surpreende, mesmo). A voz de Mundell vai lembrando os falsettos de Horace Andy, ora o carácter mais andrógino do seu timbre, ora os seus rastos espectrais. "You Over There" mostra dubs de guitarras a oscilarem entre matéria líquida e sólida, onde bombos, rimshots e linhas de baixo mimetizam a terra (Sly & Robbie na secção rítmica da maior parte das faixas), guitarras como água, voz como vento e o todo fogo que advém da mesa de mistura: música elementar, fruto da confraternização honesta entre músicos jamaicanos, o que se prova com as múltiplas faixas do disco cantadas por Lacksley Castel, num formato "Hugh Mundell presents...". demonstração de solidariedade, valente espírito de comunidade, cultura, raízes robustas. Estas faixas, também produzidas por Jammy, apresentam igual groove e sentimento, com "Black Sheep" a destacar-se numa versão do popular instrumental num tom genuinamente terno e inocente, de difícil entrega mas brilhante execução. Disco caloroso, sentimental, húmido e para a estação, carregado de fervor e das vibrações próprias para virarmos a carranca ao contrário. E-s-s-e-n-c-i-a-l-.