FLUR 2001 > 2024



Belzebu

Telectu

Holuzam

Preço normal €30,00

Taxas incluídas.

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É impossível determinar o impacto que teria, em 1983, a edição de “Belzebu” na primeira versão (depois reconvertida para trilha de fundo do LP colocado no mercado e incluída em CD nesta reedição), como parece ter sido uma primeira intenção de TELECTU. O corte com a realidade musical portuguesa era abrupto e radical (apesar do precedente LP de Anar Band, em 77) e os lamentos do duo sobre “certo empresariado fascistóide” em Portugal seriam certamente mais agudos mas também mais facilmente contextualizados.
Com a versão editada, final, de “Belzebu”, ouvimos o produto de movimentações independentes e marginais, ainda pouco frequentes no país, a tomar forma. Sobre a base imutável de “Belzebu Zero”, remetida a pano de fundo, destacam-se as cinco composições que formam a “primeira obra de música minimal repetitiva em Portugal”. A restante e detalhada explicação técnica pode ser encontrada na folha que acompanha a edição original (reproduzida nesta reedição), em linguagem quase sempre críptica e confrontacional, quase tão importante como a música enquanto mensagem de diferença e iconoclastia.
O arranque nervoso, tenso, com “Rotas”, acontece em duas camadas, uma delas bem presa à terra, suja e arranhada, a outra suspensa, ou elevada, mais etérea, e as duas chocam mas coexistem sempre numa dinâmica de dissonância saudável, questionadora; “Opera” confunde-se mais com o fundo, abandona a componente terrestre e forma um tecido de ambiências que podemos nunca decidir se está mais próximo do Cósmico alemão ou dos minimalistas norte-americanos que Jorge Lima Barreto estudara. A belíssima melodia de cristal comanda a atenção, mesmo sobre a onipresente Drumatix programada no máximo de velocidade; “Tenet” adensa o espírito de “Opera”, sugerindo uma manipulação ritual de pequenos metais, como espanta-espíritos, sujeitos a uma narrativa independente, inescapável, dramática, fuindo até uma eternidade imaginada. Assim se cumpre o lado A. “Arepo” e “Sator”, juntas no lado B, revelam mais explicitamente um caminho futuro para TELECTU, um fio – aqui ainda ténue – de ligação ao jazz, com ritmo e baixo a marcarem um passo mais ou menos autónomo das frases de guitarra circulares, múltiplos efeitos e acontecimentos diminutos captados enquanto se escuta, definidos por um conjunto de decisões perfeitamente anotadas em partitura disponível para qualquer executante que o deseje.

The album landed in uncharted territory, the first minimalist recordings released in Portugal, according to the duo. Rich, ambient textures are sequenced along with strict repetitive structures on guitar (VR’s instrument of choice), drum machine, synth and other electronic and acoustic gear. It precedes the music on both sides and continues throughout. “Belzebu” is adorned by a wonderfully “technical” sleeve designed by visual poet E.M. De Melo E Castro, reflecting the profoundly alien quality of the music.