Heat 04
Mark Grusane
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A Heat é uma nova editora e promotora sediada em Amesterdão, com interesse na cultura do House de Chicago e respectivas ramificações - com admiração, também, pelo que o precedeu, como o EBM e Industrial dos 80s mais focados na exploração de linhas de baixo e caixas de ritmo. Mark Grusane, um dos baluartes contemporâneos da sua cidade natal, Chicago, presta repetidamente homenagem às fundações de toda a herança musical da cidade - são vários os discos que contêm odes aos primeiros temas de DJ Rush, por exemplo, seja na Dirty Blends de Melvin OIiphant, também de Chicago, ou na alemã Sound Metaphors. O seu segundo disco na Heat não foge muito dessa tradição a nível estrutural e rítmico, mas é mais experimental tanto na escolha dos samples como no processamento desses sons. Em "Shazam", por exemplo, a caixa de ritmos ubíqua no House - e onde o apito é o elemento mais facilmente reconhecível - aqui parece levada ao extremo, mantendo o hipnotismo cíclico habitual nas suas faixas, mas com aura intrusiva, mostrando um outro lado do que pode ser música House. "Something Out of the Ordinary" tem um lado naive inexplicável. Tentemos: é como se tratasse de uma caixinha de música em constante repetição, cortada e saturada para caber por cima de uma sequência rítmica opressiva, com sons concretos (ouvimos algo a raspar em diferentes compassos, mais adiante) a ajudarem na aura inóspita. "Time Warp" é uma lição em como, por vezes, se torna difícil diferenciar House de Techno (será House só pelas escolhas de samples rítmicos? não é habitual encontrarmos estas sequências de tarolas e rimshots orgânicos em Techno). Mark Grusane não se acanha em mostrar, neste disco, o reverso da moeda do "House" que toda a gente acha que conhece. Nem tudo são contos de fadas.