
Ghost Note
Kim Hiorthøy
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Ao longo de pouco menos de 40 minutos, Kim Hiorthøy - ilustrador, cineasta, designer gráfico, músico, enfim, artista - explora uma ideia de som manufacturado que pode ser qualquer coisa: folk, música de computador ou uma composição minimal que desbunda pela ideia de rave music ou revisitação do rave à Lee Gamble. Por vezes parece tudo ao mesmo tempo, por vezes as coisas estão separadas, mas sempre, sempre, o que se sente é que a intenção do que ouvimos é diferente da intenção de quem criou. Kim Hiorthøy não quis que isto soasse aquilo, quis construir música, som, enquanto tal. Quer soe a improvisação ou a algo altamente processado, pensado, visto ao limite matemático: e o que surpreende é que as duas coisas podem estar interligadas, não têm de ser confrontacionais em “Ghost Note”. Como o novo e o velho estão ligados e desligados em simultâneo, “Ghost Note” é um álbum que ignora o tempo, não importa se é de hoje, ou gravado nos 1960s. Existe como substância que se ouve agora, como nos aventuramos entre esta realidade sonora que é tanto complexa como primitiva, que joga com a nossa própria relação do saber estar: a que mundo pertencemos afinal, se nem conseguimos categorizar isto? Uma viagem aos recantos da inocência, à exploração do som enquanto matéria e o que pode nascer daí. Apenas 200 exemplares foram feitos, está esgotado na fonte. Já ouviram isto noutros sítios, ouvem aqui e agora: “Ghost Note” é lindíssimo pela forma como faz o belo parecer fácil. O que andamos a fazer aqui senão for para ouvir e recomendar música assim? Absolutamente essencial.