Atlas
Laurel Halo
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Passaram-se pouco mais de dez anos desde "Quarantine", disco que ainda hoje nos bate forte, pelo compromisso perfeito entre abstração, experimentalismo, música de dança e pop. Nada soa a "Quarantine", o tempo agora permite afirmar com toda a certeza que é uma das estreias mais fulminantes desde século. Vários álbuns depois, Laurel Halo procura um novo som em "Atlas". E procurar talvez seja a palavra certa, agora a residir em Los Angeles, passou os últimos anos a tentar encaixar uma identidade e a perceber que a vivência em várias cidades e países ao longo da última década criaram uma sensação de global em si, daí que o regresso aos discos, e a fundação de uma nova editora - Awe - aconteça com um álbum chamado "Atlas". Cruzamento entre o digital e o analógico, instrumentos eletrónicos, acústicos, um grande trabalho de colagens e várias colaborações (Coby Sey, Lucy Railton, James Underwood e Bendik Giske), "Atlas" ouve-se como uma banda-sonora desesperada, um disco de texturas, detalhes, em constante manipulação. Por vezes soa a algo paralelo a William Basinski, noutros uma absorção cósmica da capacidade que Mica Levi tem em nos fazer sentir noutro mundo, no seu mundo, de cordas, vácuos e desespero. Por isso, na aparente calma, há música em constante alucinação, presa, cambaleante, a ser tudo enquanto se questiona se é alguma coisa. Oblíquo, maravilhoso