Foreverandevernomore
Brian Eno
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Talvez nunca tenhamos antes escutado Brian Eno assim, entre a sua marca ambiental (actualizada com mais artifício para a contemporaneidade) e - digamos - a sua voz em contexto pop. Com pouco a explorar depois do muito que já fez, Eno pára, escuta e olha o mundo em seu redor e, auscultando as suas sensações, escreve algumas canções para partilhar connosco. Ele próprio conclui que os artistas são "mercadores de sensações" e que estas são subjectivas. É a partir delas, também, que se originam pensamentos e são elas que mobilizam todo o corpo de forma tão espontânea que o cérebro pode não acompanhar com a devida consciência. A música no álbum flutua sem cessar, a voz acompanha pausadamente, comunicando as suas mensagens sem pressa, como se fosse necessário um enorme fôlego para dizer a frase seguinte. O processo e atenção que a música revela pode ser traduzido pelo título da última faixa, "Making Gardens Out Of Silence", honrando a contemplação e o tempo que demora a desenrolar-se. Qualquer coisa que daí nasça é espontânea, embora não nos atrevamos a pôr em causa a minúcia com que Eno elabora as suas composições. Algumas vozes convidadas (Cecily e Darla Eno, Clodagh Simonds, Kyoko Inatome) e alguns outros instrumentistas (Roger Eno, Leo Abrahams, Jon Hopkins, Peter Chilvers, Marina Moore) ajudam a realizar a visão.
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