FLUR 2001 > 2025



Trabant

Trabant

purge.xxx

Preço normal €30,00

Taxas incluídas.

OUVIR / LISTEN:
CLIP1 - CLIP2 - CLIP3 - CLIP4 - CLIP5


Uma banda húngara ligada à cena cem-porcento DIY, envolvidos na cultura de cassetes e com vários twists que impedem que esta seja só mais uma banda genérica de pós-punk no âmago dos 80s - musicalmente, na verdade, Trabant distanciam-se de todas as tendências ligadas a essas correntes, criando música singular. É preciso contexto: na Hungria soviética, autoritária, música contra-cultura era proibida por lei. Através de gravação de temas para um filme, Trabant conseguiram lançar as suas primeiras músicas sem haver supervisão de terceiros (a ligação entre a música de Trabant e o cinema húngaro não se ficou aqui - Mihály Víg, membro de Trabant e, mais tarde, de Balaton, gravou música para o filme Wreckmeister Harmonies de Béla Tarr). Armados com equipamento precário, instrumentos de cordas próprios da música soviética e com outros de brincar, a arte de Trabant tem a inocência própria de quem faz música pelo acto de o fazer, pelo ímpeto da criação, sentido de composição apurada e honesta, um regresso à puerícia: a primeira "Balettcipo^ben", por exemplo, soa a uma orquestra contida, sonorizando música de embalar de bebés a graúdos. A segunda "Balettcipo^ben" já soa inteiramente a uma banda-sonora de um filme dramático, histórico, fazendo lembrar as orquestrações de bandas como Popol Vuh para outros clássicos do cinema, cruzando símbolos de música erudita com uma vontade maior de experimentação e enquadramento em novas lógicas formais de composição - ou a música popular a adquirir um novo fôlego e expressão. "Ragaszthatatlan Szi´v" conta com skanks de guitarra e uma secção rítmica semi-caribenha, qual interpretação soviética dos avanços do reggae na pós-punk, com sentido de pertença e interesse cultural global, ou uma vontade de quebrar correntes, literal ou simbolicamente. A produção do disco surpreende pelo carácter mais delicado, mas incisivo dos instrumentos onde, principalmente a guitarra e os restantes de cordas cumprem o propósito de um leito translúcido, fino, por onde a voz de Marietta Méhes revela, em húngaro, todos os segredos do mundo. Em "Kygyo" há uma apologia a Vini Reilly e à sua guitarra, comunicando cuidado e gentileza. Encontra-se em "Trabant" um pouco de tudo - para todos, provando as cenas DIY e música criada em meios precoces como genuínas fórmulas de sucesso para expressões musicias sinceras e inadulteradas por terceiros - nomeadamente, a indústria musical capitalista.