FLUR 2001 > 2025



Goodness

feeo

AD93

Preço normal €24,00

Taxas incluídas.

LISTEN:
CLIP1 - CLIP2 - CLIP3 - CLIP4 - CLIP5


Por vezes somos atraídos por uma capa. A de "Goodness", achamos nós, é maravilhosa. Nem tanto pelo lado estético, mas pela ideia de corpos parados, incompetentes à ideia de luz que tanto nos é cara: pensamos no divino, pensamos na ideia de palco, pensamos em quantas vezes fomos felizes naquela situação. A sugestão é um tanto ou quanto exibicionista e isso atrai-nos para a música. Porque ela também é assim. O primeiro álbum de feeo (Theodora Laird), londrina que anda aí há algum tempo e que, de alguma forma, se enquadra nesta nova onda teatral de música: de Klein a Astrid Sonne, de Mica Levi a Tirzah, de Niecy Blues a ML Buch. Não é tão pop como nenhum dos exemplos mais pop acima mencionados; não é tão experimental como os exemplos mais experimentais acima mencionados. feeo soa ao que aconteceria se Mica Levi e Tirzah fossem uma só - é a melhor ideia que arranjámos, vale o que vale - e não uma colaboração: um corpo e cabeça capaz de pensar numa ideia e executá-la em todas as frentes. A música de "Goodess" é um constante meio, algo intermédio, que não concretiza porque não quer concretizar, só que parece credível porque é qualquer coisa que não estejamos à espera. Se isto existisse nos 1990s, as rádios andariam babadas com as associações a trip hop e ouviríamos como algo encaixado numa coisa grupal. Trinta anos mais tarde estaríamos a redescobrir este álbum. Mas esse barco já passou e há uma dificuldade em aceitar o agora como tão irreverente como esses tempos, aliás, tão irreverente quanto pop. "Goodess" é isso, um disco pop que nos sobe pelo corpo, que faz associações simples ao jazz, hip hop e ao ambient/drone, e tem a credibilidade de poder dizer que é "O" álbum pós-hauntology (credo, isto saiu-nos sem pensar). Sensual, com uma energia que conhece o seu destino. Teatral, porque há nos seus gestos algo que não soa a verdadeiro (e, por isso, bate mais). Divinal não é. Nem vem com uma luz que nos arrasa, mas é familiar, e é isso que nos agrada na capa e nesta música. Lindíssimo.