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Some Like It Hot

bar italia

Matador

Preço normal €25,00

Taxas incluídas.

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Dois discos na World Music de Dean Blunt - que os lançou - e dois álbuns lançados, em 2023, na semi-independente Matador. Ritmo acelerado? "Some Like It Hot" é o terceiro nesta major indie, significando alta produtividade e ininterrupta criatividade. Longe vai o mistério da banda, mas quem disse que isso é importante? A música fala por si. "Some Like It Hot" arranca com "Fundraiser", hínico e com guitarras que lembram todo o início dos 2000s no que à música indie rock diz respeito, parte Strokes e parte Bloc Party - "Cowbella" e "omni shambles" e "Eyepatch", por exemplo, podiam mesmo ter sido tiradas de "Silent Alarm" ou de "Is This It?" -, com as típicas interlocuções dialógicas entre Nina Cristante e os dois vocalistas masculinos. "Marble Arch" agarra-se-nos aos ouvidos com o seu refrão e guitarras duplas, numa progressão de acordes feliz por onde Nina canta, paradoxalmente, sobre relações descompensadas. "bad reputation", de ritmo valsado e com um piano a riffar ritmicamente, revela um lado de bar italia inaudito até hoje, quase com intenções de música cabaret, de instrumentação rock, apoiada em guitarras acústicas e outras camadas em sintetizador que conferem alguma estranheza à faixa (nunca diríamos que é uma canção de bar italia se o tema fosse instrumental). Em "Some Like It Hot" há uma vontade de fazer diferente ("I Make My Own Dust" conta com graves vozes masculinas e letras que revelam serenidade quanto a assuntos já arrumados). Uma versão de bar italia menos deprimida, menos emo, instrumentalmente mais feliz e a piscar o olho a um futuro diferente? não fosse o título deste disco uma referência ao cinema de Billy Wilder, discípulo de Lubitsch. "Plastered" vai contra a lógica do disco numa balada que cruza as instrumentações oníricas à Mazzy Star, guitarras acústicas dedilhadas e as vozes gémeas, masculinas e femininas, a pintarem um cenário pseudo-gótico. "rooster", das mais energéticas do disco, conta com solo de guitarra apoiado em wah, revelando "Some Like It Hot" como um disco que, mesmo não tendo o Lubitsch touch, fica imune a acusações de derivação. Finalizam com um tema-título que, inicialmente, causa estranheza com piano dissonante e feedback de guitarra a rasgar o campo estéreo até valsarem de novo, de forma plácida, o fim do novo capítulo da banda. Ninguém os pode acusar de estarem a fazer sempre o mesmo disco. Goste-se ou não, em 2025, bar italia são mais felizes, resolvidos com o seu passado e com novas direcções em mira. Os traumas ficam lá atrás. Para frente é o caminho.