Techno Kayõ Vol. 1: Japanese Techno Pop (1981-1989)
V/A / Dubby & Antal
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Esforço transcontinental entre os Países Baixos e Japão, Dubby (dono da loja Ondas, em Tóquio, um dos culpados na exportação de música japonesa para o mundo ocidental) juntou as suas referências às de Antal (dono da Rush Hour e DJ que já fez com que, alegadamente, outros DJs desistissem de o ser). O resultado foi esta compilação de synth-pop japonesa ("Techno Kayo" significa, aproximadamente, a "era tecnológica" e é uma reactualização de música popular japonesa sob códigos mais próximos à música sintetizada, popular, influenciada pelos primeiros esforços de Kraftwerk). O nome Yellow Magic Orchestra é provavelmente o mais conhecido, mas esta compilação pretende mostrar o outro lado da moeda, os que não chegaram ao ocidente, os olvidados. Caixas de ritmo carregadas de groove, sentido melódico apurado, todo o espectro de cores contemplado. É esse o modus operandi japonês, com faixas como a primeira "HAPPY TIME", dos The Peters (chacota de Smiths?), cuja linha de baixo em 303 faz-nos esboçar um sorriso, pelas mesmas razões do clássico tema de Marco Paulo, também sustentado pela caixa da Roland - groove irresistível numa altura onde tudo era descoberta, novidade, a música em territórios por mapear, sustentando a pop com novas tecnologias, de mutações céleres, empurrando-as para o futuro. Kuniko Yamada praticamente rappa por cima da batida de "Tetsugaku Shiyo", com instrumentação polida, brilhante, estrelar. "City Train", de Targets, também faz uso da 303 numa linha acídica delirante, sedutora, como base à voz de Atsuko Arashi, delirante por cima de um tema psicadélico. Hikashu finaliza o primeiro volume num registo downtempo bonito, de teclas impressionistas num cenário baleárico, com o pôr do sol em mira e todas as cores do crepúsculo. Compilação importante, com promessa de volumes sucessivos, provando o Japão, pela enésima vez, como um país de milagres musicais como poucos outros.