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Instant Holograms On Metal Film

Stereolab

Duophonic Uhf Disks / Warp Records

Preço normal €37,50

Taxas incluídas.

É Stereolab. É Stereolab. Podia-se repetir isto vezes e vezes sem conta e quem percebe saberia o que significava. Os outros deviam saber. É Stereolab, é bom que tenham regressado, seja qual for a razão que seja para voltarem a fazer nova música juntos e ainda conseguirem tocar-nos no nosso soft spot. Até pode ser por dinheiro, é sinal que são normais e têm contas para pagar, como os melhores dos mortais. Segundo a discografia, é o primeiro álbum em quinze anos, contudo, a história não é bem assim, “Not Music” (2010) não era bem um álbum, mas restos das sessões de “Chemical Chords” (2008), e esse também já não era bem um álbum de Stereolab. Ainda era Stereolab, mas era de alguém que estava parado numa estrada à espera do fim. Ele veio, afinal não foi fim, mas uma pausa. Entre essas coisas e hoje, existiram muitas reedições, descobertas e redescobertas do catálogo antigo, e uma digressão em 2019. Em “Instant Holograms on Metal Film” encontramos os Stereolab com a vontade de experimentar de final dos 2000s. E de colaborarem com gente que procura essa exploração, Cooper Crain (Bitchin Bajas) gravou e foi o engenheiro de som deste álbum, uma clara vontade de juntar as ideias de Chicago ao som da banda. O novo substituí o velho, portanto, o caldo é o mesmo e já se sabe ao que sabe. É Stereolab. O som é labiríntico e incrivelmente polido, as harmonias gostam de cor, mas não deixam que o colorido se sobreponha ao resto: é música de felicidade, não é música feliz. O psicadelismo continua a ser adoptado, mas genuíno. Os ritmos krautrock continuam lá, já sem o esforço da experiência, mas com o à-vontade de quem sabe a saída do labirinto. É um álbum sem experiência, porque toda a experiência já foi feita previamente. E, na verdade, não era isso que se esperava deles. Isso seria espremer demais a laranja. Mas é um álbum resultado da vontade de experimentar, experimentar o passado, em que o longo percurso instrumental de “Immortal Hands” não se estranha, é apenas o melhor mundo que podemos imaginar quando fechamos os olhos. Essa liberdade, de se fazer o que quiser, soar ao que se quiser, bebendo de onde se quiser, foi o grande legado dos Stereolab. Foi também isso que perderam ali algures na segunda metade dos 2000s. Cientes disso, “Instant Holograms on Metal Film” é o locked groove de toda a sua música. Uma delícia. É Stereolab.