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Suspiro

Maria Reis

Cafetra

Preço normal €19,50

Taxas incluídas.

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No álbum anterior, “Benefício Da Dúvida”, Maria Reis consolidava uma série de ideias que faziam daquilo uma ideia “do seu som”. Isto é, se pensarmos em fases, “Benefício Da Dúvida” sentia-se como o topo de algo, não é que não pudesse ser melhor - pode-se sempre -, é mais matéria de sentimento, de como se sente. Era um belíssimo álbum em loop, lunático de pandemia, pronto para exteriorizar. O exercício de exteriorizar a ideia de confinamento misturava-se com o exteriorizar o caminho de Maria Reis. Ao ouvir “Suspiro” a ideia de fim de caminho é mais evidente. Descansem, Maria Reis ainda soa a Maria Reis, ainda é a melhor escritora de canções que este país viu neste século, agora parece livre para experimentar. Com o fim do caminho, pode também sair desse caminho, ir para outro. “Suspiro” ouve-se como esse início e, por ser um início, ouve-se também como uma espécie de primeiro álbum. Mas é um primeiro álbum já experimentado, em que Maria Reis está à-vontade para experimentar novas ideias nas suas canções, sem uma obrigação de “narrativa de disco” porque a narrativa de disco está no vigor das canções. E elas são maravilhosas. Ha instrumentais repetitivos que entram no espírito ao fim de cinco segundos (“Estagnação”, canção brilhante que nos faz feliz como as canções dos Beat Happening nos fazsiam felizes) ou momentos que lembram Radiohead (“30” ou “Obsessão”), sem que isso seja uma influência, só uma constentação, como se Maria chegasse lá mesmo sem a existência dos Radiohead. Mas há outra coisa maravilhosa em “Suspiro”, que exige a nossa atenção, que é os sons de fundo, os sons em volta, que dão uma camada de vida à música de Maria que não existia até hoje. Canções como “Fado Do Salineiro” ou “Holofote” impressionam pela forma como trazem a vida para a frente, parecem canções que existem no momento, que nos assombram em pleno com o presente. O tema final, “Coisas Do Passado”, sintetiza isto tudo, como o grande final para este grande começo. Sem compromissos, sem dever nada a ninguém, só alma e da melhor poesia do indie-rock actual.