
The Passionate Ones
Nourished by Time
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O amor pela estética retro e o carácter cheesy dos 80s - basta ouvirem as escolhas dos sons em sintetizador e piano na "9 2 5" para perceberem o que queremos dizer - demonstrado por um dos mais cativantes criadores pop dos últimos anos. Marcus Brown, a partir do seu quarto, conseguiu convencer o mundo inteiro a ouvir a sua música. Cantando sobre desventuras em Baltimore (no estado de Maryland, posicionado numa área geográfica de muito cruzamento cultural) amor, derrotas e vitórias, "Erotic Probiotic 2" ficou-nos na memória pelo conjunto de canções pop, catchy, cheias de pormenores criativos e uma estética de produção que ficava a meio caminho entre lo-fi e hi-fi e homenageava fielmente uma pop muito específica dos 80s - pensem num Ariel Pink menos áspero, mais sintetizado, dado à R&B, soul e atento à história transversal da música negra. "The Passionate Ones" continua na declaração de uma identidade romântica: "Crazy People" mostra como o autor está sintonizado com a sua própria cidade e com o legado de música dança que dele herdou (e cruzando esse legado com a faixa "Baptism", de Crystal Castles). "Max Potential" desce o tempo e declara epicamente, com gordas linhas em sintetizador, o potencial de um bom romance. "It's Time" volta a juntar acordes lindíssimos de guitarra a um groove swingado, de bassline comunicativa com a sua cara-metade rítmica e de cadência sexy, de confiança inabalável e corroborando o disco como dos de produção mais rica de que temos memória neste tipo de música. Vários prismas da música americana num só, é possível encontrar em "The Passionate Ones" uma fusão entre um tipo de música relativamente anacrónico que, com produção exemplar e ideias fora da caixa - ouçam "Cult Interlude" para perceber o quão longe vai a paleta sónica de Marcus Brown - mete este disco anos-luz à frente dos seus conterrâneos. Bombástico.